quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SANTARÉM: DESTINO REFERÊNCIA EM ECOTURISMO

Santarém (PA)
Segmento: Ecoturismo
Destino: Santarém – PA
Parceiro executor local: Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura e Ecoturismo (Abeta)

Apresentação

Carinhosamente conhecida como Pérola do Tapajós, Santarém é uma agradável cidade paraense, localizada na região central da Amazônia, na confluência dos Rios Amazonas e Tapajós. Em frente à cidade, ocorre o espetáculo do encontro das águas destes grandes rios, que fluem por quilômetros, lado a lado, sem misturar suas águas de cores e densidades diferentes.
Em pleno coração da Amazônia, entre Belém e Manaus – onde o Rio Amazonas é tão largo que nas épocas de cheia não se avista a margem oposta –, Santarém é um santuário natural que atrai visitantes de todas as partes do mundo. A região faz jus à famosa biodiversidade característica da Amazônia. Já foram catalogadas mais de duas mil espécies de peixes, quase mil de pássaros, centenas de espécies de mamíferos e cerca de 10% de todas as espécies de plantas existentes na Terra, entre elas espécies-símbolo da região, como a vitória-régia, as bromélias e as enormes árvores típicas deste bioma.
Na região há florestas protegidas, cachoeiras, igarapés, rica fauna e flora, além dos lagos e praias formadas ao longo do Rio Tapajós, que fazem a alegria dos ecoturistas que buscam um contato profundo com a natureza. A praia mais bela e famosa é Alter do Chão, destacada na mídia nacional e internacional como uma das mais belas do mundo, por suas areias brancas, água clara, morna e de um azul transparente. Este paraíso é palco da festa do Sairé, a maior manifestação cultural do oeste do Pará.
Santarém também é o principal acesso para unidades de conservação, com destaque para a Floresta Nacional do Tapajós (Flona Tapajós), localizada no município de Belterra, uma maravilhosa reserva natural onde é possível caminhar, passear de canoa e visitar as famílias extrativistas que vivem na região.
Os visitantes chegam a Santarém pelos mais diversos motivos e das mais variadas formas. Há navios de cruzeiro internacionais que ancoram na região e depois seguem viagem sem muito contato com a comunidade local. Há também os mochileiros, em geral jovens estrangeiros, que se aventuram e viajam nas gaiolas – barcos de transporte de passageiros típicos do Rio Amazonas – de Belém a Manaus, com parada em Santarém.
Mais recentemente, com a construção do aeroporto e a chegada de voos comerciais regulares, várias agências de turismo nacionais e internacionais passaram a oferecer pacotes de Ecoturismo, o que está contribuindo para desenvolver a oferta local de passeios e atividades.

O turismo em Santarém

Depois de passar por inúmeros ciclos econômicos, há 15 anos o turismo começou a se consolidar em Santarém como uma alternativa sustentável de desenvolvimento para a região. A princípio, o único segmento explorado era o turismo regional de Sol e Praia em Alter do Chão. Com o advento do Ecoturismo, Santarém foi descoberta como um excelente destino para atividades na natureza e ecoturistas de várias partes do Brasil e do mundo começaram a frequentar a região.
Há opções de hospedagem para todos os gostos e bolsos. O turismo de negócios – movimentado principalmente por representantes comerciais, compradores, técnicos de mineradoras e pessoas ligadas ao porto – tem motivado a construção de novos hotéis que já estão estruturados para realização de reuniões e eventos. A disponibilidade destas estruturas e a qualificação dos serviços começam a atrair uma demanda diferenciada que contribui para garantir altas taxas de ocupação, equilibrar a sazonalidade e melhorar a qualidade da oferta turística em Santarém.
Em Alter do Chão, a 35 km de Santarém, há outras opções de hotéis e pousadas. A maioria é bem simples, mas algumas se destacam por oferecer boa infraestrutura e belas áreas verdes, às margens do lago que banha a cidade.
A produção artesanal é um dos grandes destaques do turismo em Santarém. Peças em cerâmica, madeira, palha, tecido e as belíssimas biojoias, com fortes influências indígenas e ribeirinhas, são comercializadas em ótimas lojas. Há algumas tão ricas e diversificadas que oferecem peças de mais de 60 etnias indígenas.
A gastronomia local é também muito rica e possui diversos pratos típicos. O pato no tucupi, o principal deles, utiliza jambu em seu preparo, um vegetal que tem o poder de adormecer a língua de quem prova a iguaria. Mas também os pratos à base de peixes da região amazônica, como tucunaré, tambaqui e pirarucu, são muito apreciados tanto por moradores quanto por visitantes.
Agências locais organizam os passeios de barco para Alter do Chão e Ponta de Pedras, outra belíssima praia da região.

Cadastur


Ao contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br

O Ecoturismo em Santarém

Há uma demanda regional de turistas de cidades próximas, como Belém e Manaus, em busca de sol e praia, principalmente durante o carnaval, nas férias escolares de dezembro e janeiro e, no Sairé, que ocorre atualmente em setembro. A festa atrai milhares de turistas que, durante três dias, cantam, dançam e participam de rituais religiosos e profanos, resultantes da miscigenação cultural entre índios e portugueses.
Um atrativo muito procurado pelos ecoturistas é a Floresta Nacional do Tapajós. Atividades como caminhadas, passeios de barco a motor e a remo, visitas às comunidades ribeirinhas extrativistas ou mesmo banhos de rios são as grandes atrações para os visitantes. O acompanhamento dos guias locais capacitados, que fazem uma excelente interpretação do ambiente, garante a segurança e o melhor aproveitamento dos passeios. Na Flona não há hotéis ou pousadas, mas uma experiência interessante é se hospedar nas casas das comunidades de seringueiros e interagir com o seu modo de vida integrado à floresta.
A cidade ainda guarda uma boa parte do patrimônio histórico arquitetônico da época da colonização portuguesa, com casarões, igrejas e museus, o que torna a visita também interessante sob o ponto de vista cultural.
O segmento de Ecoturismo
Quando os termos Ecoturismo e Turismo Ecológico surgiram no Brasil, no final dos anos 80, seguindo a tendência mundial de valorização do meio ambiente , muitas pessoas e empresas se apropriaram indevidamente dos termos e passaram a utilizá-los como uma etiqueta para vender qualquer atividade turística que tivesse alguma relação com a natureza, sem se preocupar com nenhum princípio de sustentabilidade ou responsabilidade ambiental.
Enquanto isso acontecia no mercado, alguns profissionais da área de turismo e meio ambiente, acadêmicos e consultores começaram a discutir o tema. O segmento parecia ser uma alternativa ao turismo convencional, que já começava a dar sinais de alerta por seus impactos sociais e ambientais. Em 1994, a Embratur e o Ministério do Meio Ambiente publicaram as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, chegando a um conceito que continua sendo referência no Brasil e que foi adotado pelo Ministério do Turismo em suas publicações oficiais sobre segmentação. Neste segmento, a publicação de referência é Ecoturismo – Orientações Básicas , que define:
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.
Inspirados neste conceito e nas fortes influências ambientalistas da década de 90, formaram-se muitos profissionais e acadêmicos, que passaram a ter uma nova visão da atividade turística e a aplicar os valores do Ecoturismo a outros segmentos e setores, ampliando a consciência para o ideal de Turismo Sustentável. Apesar da sobreposição de alguns elementos entre os conceitos de Turismo Sustentável e Ecoturismo, este último se diferencia pelo enfoque na natureza como fator de atratividade.
Durante muitos anos Ecoturismo significava uma coisa para os turistas, outra para os agentes e operadores de turismo, outra para os guias e comunidades e ainda outra para os acadêmicos e consultores. Finalmente, o conceito amadureceu e hoje é possível resumir as atividades inerentes a este segmento: observação e contemplação da natureza. Entretanto, essas atividades podem ocorrer de diversas formas.
A observação é um exame minucioso de aspectos e características da fauna, flora, formações rochosas e outros, que exigem técnicas de interpretação ambiental, guias e condutores especializados, equipamentos e vestuário adequados. Já a contemplação se baseia na apreciação de flora, fauna, de paisagens e de espetáculos naturais extraordinários, em atividades relacionadas, como caminhadas, mergulho, com ou sem a utilização de equipamentos especiais, safáris fotográficos e trilhas interpretativas.
Há ainda inúmeras outras atividades que, embora possam caracterizar outros tipos de turismo, também são ofertadas em produtos e roteiros desse segmento: atividades de aventura, de pesca, náuticas, esportivas, culturais e várias outras, desde que cumpram as premissas, comportamentos e atitudes estabelecidas para o Ecoturismo.
O Ecoturismo caracteriza-se pelo contato com ambientes naturais, pela realização de atividades que possam proporcionar a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção das áreas onde ocorre. Ou seja, sua base é o tripé interpretação, conservação e sustentabilidade. Assim, o Ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas motivadas pela relação sustentável com a natureza, comprometidas com a conservação e a educação ambiental.

Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos

O modelo de gestão descentralizada concebido pelo Plano Nacional de Turismo e implementado pelo MTur prevê a integração de diversas instâncias da gestão pública e da iniciativa privada por meio da criação e organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos desenvolvido pelo MTur em parceria com o Instituto Casa Brasil de Cultura, tem como objetivo criar uma estratégia de governança local, a partir do fortalecimento e aperfeiçoamento de segmentos de mercado, procurando envolver de forma participativa toda a cadeia produtiva e instituições relacionadas com o segmento escolhido, através de prioridades e estratégias definidas e com foco na competitividade.
O projeto tem como premissa a participação efetiva dos representantes locais, fortalecendo as entidades públicas e privadas, o trade e as organizações não governamentais, levando à formação de um Grupo Gestor que assume o papel de líder do processo, buscando assim garantir a continuidade das ações na área do turismo, resultados mercadológicos e a sustentabilidade do destino.Assim, foram escolhidos dez destinos com características diferentes, em regiões diferentes, para que suas experiências contribuam para criar uma base metodológica que possa servir de modelo para outros destinos no Brasil, validando e consolidando a estratégia de desenvolvimento de políticas públicas, e de ampliação e diversificação da oferta turística nacional.

Destino referência em Ecoturismo

Com um potencial indiscutível para o Ecoturismo e com grandes desafios em questões como governança local e qualificação do produto, Santarém foi escolhida para ser um laboratório de experiências que pudessem se tornar referência para outros destinos em diferentes graus de desenvolvimento do segmento de Ecoturismo.
Ao iniciar o projeto Destinos Referência em Ecoturismo em Santarém, foram realizadas visitas técnicas ao destino com a finalidade de estabelecer contato com as lideranças locais, apresentar o projeto e levantar informações relevantes para a execução do programa. Foram visitados os diversos equipamentos e atrativos do destino e realizadas reuniões com as principais lideranças e instituições locais, públicas e privadas, relacionadas direta ou indiretamente ao turismo.
Já nos primeiros contatos, foi possível verificar que havia vários desafios institucionais que demonstravam a falta de união, representatividade e confiança do setor, simbolizados, entre outros fatores, na ausência efetiva do Conselho Municipal de Turismo de Santarém. A partir deste panorama, percebeu-se que a construção da governança local seria ação fundamental para o desenvolvimento do programa no destino.
A segunda ação no destino foi a realização de um evento para apresentação do projeto e formação do Grupo Gestor. Também foi realizado um processo participativo a fim de gerar informações para embasar a construção do Diagnóstico de Ecoturismo.
Entre esta ação e o Seminário de Validação do Diagnóstico realizado pela Abeta, foi contratado um consultor local para moderar reuniões setoriais, fortalecer a governança e ativar os processos de mobilização e articulação. Neste intermédio a equipe técnica da Abeta realizou reuniões setoriais e entrevistas com importantes representantes da cadeia produtiva, além de pesquisas em trabalhos anteriores, com os objetivos de levantar as informações do destino para a construção do diagnóstico, mas também para manter ativo o processo de articulação e mobilização. Finalizada a primeira versão do diagnóstico, este foi apresentado ao Grupo Gestor para validação dos dados levantados.
O Diagnóstico de Ecoturismo no Destino Santarém tratou, entre muitos aspectos, de definições importantes para o segmento, listou entidades importantes em Santarém, no Pará e no Brasil, caracterizou aspectos importantes para o desenvolvimento do turismo no destino e, mais detalhadamente, avaliou atrativos, unidades de conservação e prestadores de serviço em Ecoturismo.
Na formação do Grupo Gestor do projeto em Santarém foram escolhidas entidades consideradas indispensáveis para o desenvolvimento do segmento no destino, como o Sebrae, as Secretarias Municipais e Estaduais de Turismo e o Tapajós Convention and Visitors Bureau. Na inexistência de entidades setoriais institucionalizadas, que pudessem indicar seu representante legal, utilizou-se como critério a identificação, entre os agentes do mercado, de empresários que se mostraram interessados em desenvolver um ambiente de governança local. Outras entidades e grupos representativos foram escolhidos segundo a relevância e capacidade de cooperação.
Observou-se que a comunidade de Alter do Chão já estava mais bem organizada, em vista do grande afluxo de visitantes durante a alta temporada, de setembro a fevereiro, e o Sairé, a maior festa cultural da região. Por isso ações como saneamento, coleta e destinação dos resíduos sólidos, organização em associações dos catraieiros (barqueiros) e barraqueiros de praia foram discutidas em ambientes de governança, buscando desenvolver parcerias para o desenvolvimento da atividade.
Dando sequência ao projeto, a Abeta desenvolveu o planejamento estratégico, com as ações validadas pelo Grupo Gestor do projeto indicando as responsabilidades de cada setor, entidade ou grupo, com definições de responsáveis por execução, coordenação, liderança de processos interinstitucionais e parcerias; apoio técnico, gerencial, assessoria; investimentos, apoio financeiro, doações e financiamento.
Durante o desenvolvimento do projeto, foram realizadas várias ações de qualificação demandadas pelo destino, como a Oficina de Elaboração de Projetos, Oficina de Mercado Turístico, apresentação do case Costa Rica e oficina de Legislação para o Ecoturismo. Estas ações contribuíram para o nivelamento de informações e para a qualificação dos vários atores da cadeia produtiva local.
A Ação Símbolo do projeto Destinos Referência em Ecoturismo em Santarém – com a intenção de realizar algo em curto prazo, que materializasse o processo de construção da governança e do planejamento do turismo – foi a elaboração do Mapa do Ecoturismo de Santarém e Belterra, onde são apresentados os atrativos turísticos naturais, serviços e informações úteis ao ecoturista. Esta ação teve a participação e contribuição de todos os envolvidos no processo, simbolizando o que se espera alcançar com o processo de planejamento participativo e desenvolvimento do destino. O mapa se materializou como uma importante ferramenta para a organização da oferta e disseminação de informação para visitantes, sendo um canal de distribuição para produtos e serviços.
Resultados alcançados
Resultados
• Amadurecimento das lideranças locais, sobretudo quanto ao entendimento da importância do arranjo institucional e do estabelecimento da cadeia produtiva com critérios e atribuição de responsabilidades
• Organização das comunidades da Flona do Tapajós
• Realização de Oficina Jurídica sobre Legislação voltada ao Ecoturismo
• Apresentação de case de sucesso – Costa Rica
• Oficina sobre Ecoturismo
• Criação de uma governança local representativa e atuante, que trabalha para planejar o desenvolvimento do destino de maneira participativa, organizada e continuada, refletindo-se nas instâncias de governança regionais.
• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita técnica com a participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Ecoturismo
Uma vez que o fortalecimento da governança é um dos objetivos centrais do projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos, foi possível observar ao longo do processo o amadurecimento das lideranças locais, sobretudo quanto ao entendimento da importância do arranjo institucional e do estabelecimento da cadeia produtiva com critérios e atribuição de responsabilidades. Foi amplamente discutida no processo a necessidade de ampliar o número de entidades setoriais no destino.
Destaque importante em termos da governança é a organização das comunidades da Flona do Tapajós. Ainda que embrionário, o processo de articulação entre as comunidades já resulta em atividades conjuntas, como a comercialização cooperada de artesanato e o rodízio nas atividades de guiagem de trilhas.
Com a governança local organizada, Santarém participa do Conselho Regional do Tapajós, no qual está representada boa parte das entidades que formam o Grupo Gestor do projeto. Portanto, a qualificação dos debates no âmbito do Grupo Gestor tem também qualificado a governança regionalmente.
Desta forma, Santarém conseguiu demonstrar que, apesar dos inúmeros desafios, é possível criar uma governança local representativa e atuante, que trabalhe para planejar o desenvolvimento do destino de maneira participativa, organizada e continuada. Entre as boas práticas de Ecoturismo que se destacam em Santarém, e que podem ser replicadas em outros destinos, é importante citar o forte envolvimento da comunidade local, com suas tradições, folclore e gastronomia muito bem integradas ao ambiente natural.

FONTE: http://www.destinosreferencia.com.br/relatorio-final-santarem.html?showall=1