quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

CICLOTURISMO: A UNIÃO PERFEITA ENTRE ESPORTE E LAZER

Entrevista com Marcos Fróes - Cicloturista e Escritor


Marcos Fróes é natural da Amazônia e desde os 18 anos de idade manifestou interesse em conhecer mais sobre a vida nos estados que compõem a Região Norte do Brasil.Com formação técnica em Tecnologias da Informação, suas primeiras viagens foram a trabalho, mas mesmo assim, resolveu registrar os fatos interessantes dos destinos que visitava. Atualmente, Marcos Fróes trabalha com produção cultural direcionada ao incentivo do cicloturismo como prática e esporte.

Marcos Fróes
Sua inserção no seguimento de cicloturismo turismo iniciou em 2010 quando resolveu criar um projeto no qual pudesse aliar viagens, lazer e trabalho, foi então que surgiu a ideia de praticar cicloturismo, uma modalidade de turismo de aventura, que nada mais é do que fazer turismo utilizando como principal veículo a bicicleta. Desde então, Marcos Fróes dedica-se a prática do cicloturismo na Amazônia, o que lhe permite descobrir novos roteiros, visitar destinos interessantes, estar em contato com a natureza e conhecer culturas diversas, tudo isso sobre duas rodas e com total autonomia.

Marcos Fróes é autor da série Nas Trilhas da Amazônia que está com públicação nacional na Revista Bicileta. A série divulga principalmente dicas para roteiros de cicloturismo e belezas da Região Norte.

Confira abaixo entrevista concedida ao Blog:

Como despertou o interesse para praticar o cicloturismo?

Pratico várias atividades esportivas, e sinto mais prazer em praticar cicloturismo. Despertei este interesse porque gosto de liberdade, natureza, e gosto de silêncio. É como digo em uma frase minha: "Pedalo para admirar a altura das árvores ao invés de observar a altura dos prédios; para escutar o som alto dos passarinhos ao invés de ficar ouvindo o som alto dos vizinhos; porque na natureza me sinto com a vida começando e na cidade com a vida terminando".

Como você define o cicloturismo? Quais são as modalidades existentes?

Posso definir o cicloturismo como atividade realizada de bicicleta com o objetivo de conhecer um lugar específico. Esta atividade necessita de duas coisas importantes por parte do usuário da  bicicleta:

1) Um roteiro planejado. Planejar nesse caso, é verificar se é possível fazer o roteiro de bicicleta, assim como a condição física, as condições climáticas, e outros aspectos locais;

2) Desejo pela liberdade. Isso é o desejo de não ter que obedecer a alguém e nem servir a alguém, sendo assim, uma aventura.

Há duas modalidades para realizar cicloturismo:

1) Com suporte: a prática da atividade ocorre contratando o serviço de uma operadora de turismo (basicamente: organização do roteiro, hospedagem, alimentação, transporte de bagagens e serviço de guia).

2) Sem suporte: a prática da atividade acontece de forma solitária ou até  mesmo em grupo, e nesse caso a pessoa ou grupo são responsáveis por todas  as tarefas.



Como você analisa o potencial da região amazônica, mas especificamente da região do Tapajós, para a prática do cicloturismo?



Considero a região do Tapajós como o “coração da Amazônia”, e com  esse título fiz a divulgação dentro da série “Nas Trilhas da Amazônia” que  escrevi e tem publicação nacional impressa na Revista Bicicleta (edição 058 / Dezembro 2015). Menciono Santarém como ponto de partida na Amazônia, um  lugar ímpar na região amazônica para a prática de cicloturismo porque  considero importante a facilidade de deslocamento para as duas metrópoles (Belém e Manaus), mas considero ainda mais importante a localização de  Santarém em relação ao Parque Estadual de Monte Alegre e a Floresta Nacional do Tapajós.



Marcos Fróes com cicloturistas na Praia de Aramanaí em Belterra (PA).


Na sua opinião qual o melhor destino turístico do Pólo Tapajós para se praticar cicloturismo? Por quê?
Eu posso dizer que o melhor destino para a prática do cicloturismo é o roteiro de Santarém até a Floresta Nacional do Tapajós (Belterra). Este roteiro pode ser realizado basicamente de três maneiras:

1)    Saindo pela rodovia Santarém-Cuiabá com passagem por dentro do município de Belterra e depois estrada de chão para a Floresta Nacional do Tapajós, mas eu descarto esse roteiro nesse momento pelo fato da rodovia não ter acostamento e ter trânsito de veículos pesados em alta velocidade;

2)    Saindo pela rodovia Santarém-Alter do Chão com passagem pela estrada de chão que vai pela Comunidade Pindobal até chegar em Belterra (a cidade que Henry Ford criou) e depois seguir para a Floresta Nacional do Tapajós, esse é o caminho menos perigoso;

3)    Saindo de Santarém por trilhas até chegar em Belterra e depois seguir para a Floresta Nacional do Tapajós, esse é para quem tem espírito mais aventureiro. 



Uma das três opções pode ser usada para realizar o retorno a Santarém.

Minha justificativa para mencionar a Floresta Nacional do Tapajós como o melhor destino turístico do polo Tapajós deve-se ao fato de existirem inúmeros atrativos naturais (praias, comidas típicas, casas típicas (madeira e palha), cultura cabocla, floresta densa, flora e fauna abundantes e outros mais) em um só lugar, justificando ao cicloturista realizar este esforço físico e dedicar alguns dias a visitar o lugar. Mas existe um detalhe que ainda vejo faltando na Floresta Nacional do Tapajós, é o incentivo para que moradores ganhem dinheiro com ambiente para redes (redários) seja em casa ou em malocas ou áreas de camping nas comunidades. Pois o cicloturismo fascina por esse sentimento de liberdade, aproveitando para interagir com o povo, é um público que realmente vai levar muitas informações para que turistas comuns também tenham a curiosidade de conhecer e aproveitar os demais serviços oferecidos. Tem outro detalhe extremamente empolgante, na Floresta Nacional do Tapajós podemos escolher uma das três trilhas maravilhosas para conhecermos a mãe de todas as árvores (Samaumeira). As trilhas são nas três primeiras comunidades, em São Domingos, Maguari e Jamaraquá. Isso é um atrativo e tanto para quem vai visitar uma floresta.



Minha dica: Este roteiro da Floresta Nacional do Tapajós pode estar impresso futuramente para que o cicloturista o receba nos terminais turísticos e no aeroporto, informando as regras, as rotas, as dicas de alimentação sem riscos, as belezas que estão no roteiro, os principais perigos, as dicas de guias para as trilhas dentro da Floresta Nacional do Tapajós e muito mais detalhes. Isso vai ser importante, uma vez que realizo a divulgação nacional da região do Tapajós como o coração da Amazônia, na maior e melhor revista de cicloturismo (Revista Bicicleta) que o Brasil tem atualmente.

Fonte: artepedal.blogspot.com.br
Quais as principais características dos praticantes de cicloturismo?
Vou citar algumas características importantes para serem observadas: 

1) Passam no mínimo de 3 a 6 meses planejando o roteiro;

2) Dispõem de um orçamento destinado para aproveitar um pouco de tudo que o roteiro oferece;

3) Economizam na hospedagem, preferem hostel ou pousada simples;

4) A maioria tem preferência por se comunicar com pessoas nativas;

5) A  maioria gosta de roteiros onde tem água, principalmente onde existe uma excelente praia e uma pequena  comunidade. Quem faz cicloturismo, em geral compartilha alma leve e sentimento de paz interior.



Que dicas você daria para quem quer iniciar a prática do cicloturismo?

Esta é a pergunta mais interessante de todas. E vou respondê-la com dicas para iniciar a prática do cicloturismo como prática e como negócio.

Cicloturismo como prática: 

  • Contrate um serviço de suporte ou gaste muito tempo elaborando o roteiro, com o intuito de minimizar os riscos e aproveitar melhor o tempo;
  • Adquira boa experiência com a bicicleta que irá usar;
  • Realize a adaptação da sua bicicleta para enfrentar todo tipo de terreno;
  • Adquira boa condição física;
  • Não corra o risco de realizar a atividade estando com labirintite, hemorroidas, lesões musculares e hipertensão. Se tiver alergias, jamais esquecer antialérgicos;
  • Tenha conhecimentos básicos de mecânica, como: trocar câmaras de ar dos pneus e ajustes das medidas da bicicleta.

Cicloturismo como negócio:
  • Elabore excelentes roteiros. Não é qualquer roteiro que serve para o negócio;
  • Registre-se como operador turístico;
  • Participe de treinamentos e palestras destinados a conhecer melhor o mercado de turismo de aventura;
  • Desempenhe uma boa comunicação e liderança;
  • Conheça o roteiro a apresentar por completo. Adquira pelo menos conhecimento básico sobre dados geográficos, econômicos, históricos e culturais. Pois esse tipo de cicloturismo como negócio, é adquirido por um público que quer explorar ao máximo o conhecimento sobre o roteiro;

Cicloturismo não é loucura, é aventura... Pratique e divirta-se!

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